domingo, 16 de outubro de 2011

Sentidos


Em um quarto a morte briga com sua foice e todas as suas forças contra um ser que nada tem a não ser astúcia para fugir dela, ou muitos pecados para aceitar placidamente todos os seus golpes sem poder mover um músculo de todo o corpo, ou do que resta daquilo que foi um corpo, sem poder pronunciar uma única palavra, sem poder fazer um movimento com os olhos para demonstrar algo do que sente.
Num quarto um homen e a morte..
No outro quarto uma mulher e a tristeza, mas neste quarto não existe brigas ou resistências, só resignação, lágrimas engolidas, dores escondidas, quereres não manifestados; uma mulher selvagem que foi domesticada e agora tem que viver dopada para não se manifestar, se bem que de tão domada ela já não sabe o que quer.
Na casa o conformismo e a espera; pela morte, pela libertação, pelo não se sabe oque, mas sempre a espera do depois, do futuro pois o presente é insuportável...
Chapecó 04/10/2011

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