quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Compreendendo a sensação de alheamento..

Eu li este relato e achei mais que real, me vi em várias etapas da minha vida, por isso coloquei na integra prá voce ler...

Não quero ir, nem quero ficar. Não quero fazer, ser ou estar. Não quero nada, não sinto nada e não quero sentir coisa alguma. Sinto um vazio, mas não quero preencher. Sinto-me só, mas não quero estar com ninguém. Não quero viver e não quero morrer. Nada é bom e nada é ruim. Não sei o que quero e nem se quero alguma coisa.


Foi assim que minha cliente iniciou sua sessão. Ela passou por uma fase de avanços e realizações, e após este período, está se sentindo assim. Segue o relato de tudo o que disse a ela.

Compreenda, você está adentrando em uma nova fase de seu ciclo e, portanto, essa sensação de estar no meio do nada, é natural. Lembre-se de que seu avanço é algo novo para seu Ego o que o faz temer perder o controle, assim, está tentando racionalizar sobre o momento que está vivendo, na tentativa de reassumir o poder, ao invés de aceitar e se entregar a esta fase.

Até hoje, seu Ego criou uma trilha mental em que havia total entendimento racional sobre tudo o que lhe acontecia. Você só conseguia classificar algo como adequando ou correto, se estivesse de acordo com a classificação criada dentro da trilha mental . Só que esta trilha, te levou a viver essa vida de insatisfação. Portanto, para promover mudanças, você está criando uma nova trilha, a do Eu Real. Nesta, tudo se sabe, se compreende e se percebe, através do coração.

Você teve muitas percepções nos últimos tempos e sua mente compreendeu e aceitou o novo, mas agora ela precisa de um tempo para reorganizar as informações e aceitar as mudanças, com as quais não está acostumada a lidar, isso assusta, e o Ego tem medo de perder o controle. Ele precisa de um tempo para assimilar o novo, sem ser forçado a mudar, para que tenha segurança em prosseguir por essa nova trilha.

Todas as vezes que há muitos avanços, o Ego se sente ameaçado e se recolhe, para não se abrir para o Eu Real, para que não tenha que captar novas percepções, que sempre o levam a mudar. Este recolhimento traz a sensação de estar no nada. Ele já compreendeu que está sofrendo por teimar em manter-se na velha trilha que criou, e que o está levando ao fracasso. Então, o Ego quer mudar, mas teme que isso o aniquile. Ainda não confia no Eu Real e o percebe como um inimigo, e levará muito tempo para confiar.

Mas, pelo menos, está tentando aceitar as mudanças, desde que sejam pequenas e que aconteçam devagar. Durante toda a sua vida, foi seu Ego que o conduziu e, raramente, seu Eu Real se manifestou com liberdade plena. E, nas poucas vezes que isso ocorreu, seu Ego se sentiu muito ameaçado em perder o poder e interditou-o, reassumindo o poder.
Sempre que você fizer avanços mais visíveis e contundentes, seu Ego se assustará e o fará se recolher. A sensação normalmente, será essa, de alheamento. O importante, será você aceitar esse recolhimento.

Vou explicar o que ocorre neste recolhimento. Tudo na vida é cíclico, assim, nós passamos por vários ciclos. Existe um ciclo pelo qual passamos: expansão-estagnação-contração. Na fase de expansão, nos movemos radiantes e intensos, vamos para o mundo de forma mais aberta, vivendo mais intensamente, com mais vitalidade e saímos em busca de conhecimentos e realizações, desenvolvemos projetos, interagimos com as pessoas de forma mais segura e procuramos encontrar meios de promovermos mudanças satisfatórias. Assim, com toda essa abertura, obtemos muitas percepções, conhecimentos e possibilidades de realizações e mudanças. Porém, chega um momento, em que há um limite no que diz respeito à nossa capacidade de receber e apreender novos conhecimentos e novas manifestações, assim, cessamos a expansão e entramos na fase de "estagnação".

Nesta, a sensação é a de estarmos parados no meio do nada, do vazio. É nesta fase que você está. Aqui, é o momento para absorver e assimilar tudo o que foi vivenciado durante a expansão, para deixar acomodar todas as novas percepções, onde não há lugar para racionalizações. É apenas um lugar para aquietar e se entregar ao "nada" e deixar acontecer. Nada é feito a partir da mente, do pensar. Quanto mais tentarmos saber o que está acontecendo para manter o poder da razão, mais nos perderemos. Portanto, o importante aqui, é deixar-se ficar no vazio e não tentar fazer absolutamente nada. Quanto mais esta fase de estagnação for aceita e vivida de forma entregue, mais aproveitaremos a fase seguinte do ciclo.

Após a fase de estagnação, segue-se a fase de "contração". Nesta, trazemos para dentro de nós, para nossa essência divina, tudo o que foi conhecido e assimilado, para que nossa essência possa absorver e transformar as energias e nos preparar para as realizações. É a fase da gestação, onde várias percepções e ideias foram concebidas e agora precisam ser processadas pela nossa essência, para nos dar condições de nos prepararmos para a ação, para efetivamente realizarmos tudo o que foi planejado. É um momento de muita introspecção, que muitos entendem como "depressão", mas não é. É a fase de preparo para a ação, para irmos para o mundo mais fortalecidos, em busca das realizações, na nova fase de expansão que agora será diferente, pois estará acrescida de mais conhecimentos do ciclo anterior.

Dessa forma, fica mais fácil compreender, que você passou por uma fase de expansão, onde se expôs e foi para o mundo, conheceu mais da realidade da vida, criou novas possibilidades, manifestou-se de forma diferente diante de situações e pessoas. Isso movimentou e transmutou muitas energias e modificou muitos padrões. Chegou ao seu limite na fase de expansão e agora está na fase de estagnação, no aparente vazio. Precisa se respeitar, é hora de aquietar tudo o que movimentou. Entregue-se e aceite. Logo estará entrando na fase de contração, em que levará tudo o que foi conhecido e desenvolvido, para dentro de sua essência, como um presente divino.

A vida prossegue em ciclos. Quanto mais consciente disso estiver, e se entregar e aceitar, mais feliz se sentirá!

Teresa Cristina Pascotto

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Fluindo como rio da vida....

A cada instante de nossa vida podemos escolher entre a flexibilidade ou a rigidez. Se vamos fluir com a correnteza ou nadar no sentido contrário a ela, opção que nos trará certamente muito cansaço e dor.

A imagem que associa o correr de nossa existência com a de um rio fluindo calmamente, tem sido utilizada por muitos Mestres, inclusive Buda, pois ela é perfeita para demonstrar que existe um ritmo na natureza, que é constante, mas relaxado e sem pressa.

Nós, seres humanos, ao contrário, estamos sempre tentando apressar o curso dos acontecimentos, ansiosos por ver nossos desejos satisfeitos o mais rápido possível.

Não percebemos que esta atitude, ao invés de atrair o que desejamos, parece afastar ainda mais de nós a concretização de nossas metas. Aprender a fluir com o rio da vida de modo tranqüilo e confiante é uma lição essencial, para quem busca a paz interior.

Quando percebemos, finalmente, que a entrega e a confiança são as armas mais eficazes para trazer a nós o que precisamos, nos surpreendemos ao constatar como uma descoberta tão simples, pode se ocultar de nós, por tanto tempo.

Enquanto vivemos sob o domínio da mente racional, que acredita poder determinar o ritmo dos acontecimentos de acordo com a nossa vontade, seguimos ignorando esta harmonia oculta, que rege a existência.

Ela não segue nenhum ditame determinado pelo ego, mas tem sua fonte na infinita sabedoria da criação. Tomar consciência desse mistério é a chave que nos ajudará a fluir de modo confiante e sereno, com a corrente da vida.

" O trabalho do meditador: encontrar o fio.
O mundo está em constante fluxo, ele é como um rio. Ele flui, mas por trás de todo esse fluir, mudança e fluxo, deve haver um fio comum que mantém tudo unido. A mudança não é possível sem algo que permaneça absolutamente sem mudar. A mudança pode existir somente junto com um elemento imutável, ou as coisas se desintegrariam.

A vida é como uma grinalda: não se percebe o fio que corre através das flores, mas ele existe e as une. Se o fio não estivesse presente, as flores cairiam cada uma para um lado; haveria um amontoado de flores, e não uma grinalda. E a existência não é um amontoado, é um padrão muito bem enredado. Mudanças estão ocorrendo, mas algum elemento imutável mantém uma lei cósmica por atrás de tudo. Essa lei cósmica é chamada de sadashiva, o Deus eterno, o Deus atemporal, o Deus imutável. E este é o trabalho do meditador: encontrar o fio.

Existem somente dois tipos de pessoas. Um deles é o que fica muito encantado com as flores e se esquece do fio. Ele vive uma vida que não pode ter qualquer valor durável ou significativo, porque tudo o que ele faz se desvanecerá. Hoje ele o fará, amanhã se dissolverá. Será como fazer castelos de areia ou lançar barcos de papel. O segundo tipo de pessoas procura o fio e devota toda a sua vida àquilo que sempre subsiste; esse nunca será um perdedor... É uma grande aventura além do tempo, além do espaço; e esse além existe dentro de você.
OSHO, Believing the Impossible before Breakfast.

:: Elisabeth Cavalcante ::